Qualquer cidadão que gasta mais do que recebe acaba com suas finanças no negativo. Os juros de nossas contas vão aumentando, transformando-se em uma bola de neve, até chegar ao ponto em que não se tem mais de onde tirar dinheiro para pagá-las. Por que essa realidade tão fácil de entender seria diferente com nosso Estado? Obviamente não foi.
Os salários dos servidores atrasados e parcelados, movimentos grevistas, escolas fechadas, calote na dívida com a União só reforçaram o nosso déficit histórico nas contas públicas. A desesperança que assola empresários e sociedade chegou ao ápice, quando aprovado por um voto de diferença pelos deputados estaduais, o aumento das alíquotas do ICMS pelo período de três anos. Imposto como "salvação" para o Estado, o projeto continuará penalizando a população e gerará potencial queda de arrecadação. O tarifaço acarreta a diminuição da oferta de empregos, da renda, das vendas do comércio, e das atividades da indústria e serviços.
Retirará da economia gaúcha cerca de R$ 2 bilhões, dinheiro que sai do bolso dos consumidores. Então, me questiono: esse realmente é o remédio ou é mais uma medida simplista de um governo igual aos demais? O Brasil e, por consequência, o Rio Grande do Sul, apresentam uma das cargas tributárias mais altas do mundo, e mesmo assim, seguimos na "lanterna" no ranking que mede o retorno oferecido à população pelos serviços públicos. Insistimos nos mesmos erros, ao invés de fazer as reformas, como a reestruturação da máquina pública e a redução de despesas.
O aumento de impostos não é a solução e sim, o início de mais um problema. O Estado precisa ser pensado de forma diferente. A população está indo para o sacrifício novamente, e precisa que o governo coloque em prática um projeto objetivo e de efetiva execução, que proponha uma reforma estruturante. Só assim será possível proporcionar uma maior capacidade de investimento por parte do governo estadual, incentivando o empresariado a empreender e investir.
Presidente da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo