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pavimentação

- Publicada em 30 de Setembro de 2015 às 23:22

'A água é a pior inimiga do asfalto', diz engenheiro

Asfalto comum tem uma vida útil de aproximadamente 10 anos

Asfalto comum tem uma vida útil de aproximadamente 10 anos


ANTONIO PAZ/JC
Depois da chuva, vem a buraqueira. A afirmação é regra quando se trata das ruas de Porto Alegre, frequentemente maltratadas pelas depressões e buracos que insistem em aparecer, mesmo com investimento da prefeitura em operações emergenciais, chamadas de tapa-buracos.
Depois da chuva, vem a buraqueira. A afirmação é regra quando se trata das ruas de Porto Alegre, frequentemente maltratadas pelas depressões e buracos que insistem em aparecer, mesmo com investimento da prefeitura em operações emergenciais, chamadas de tapa-buracos.
O engenheiro Delmar Cabreira, da Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov), explica que, onde há asfalto, há operações tapa-buracos. "Todo o pavimento com mais de dez anos vai começar a tensionar. Aqui, temos pavimentos antigos, e as dificuldades financeiras impedem que consigamos renovar toda a malha nesse período", explica. O engenheiro Assis Arrojo, também da Smov, compartilha da mesma opinião. Para ele, "quanto menor for o investimento na prevenção, em capeamentos longos, para evitar fissuras e trincamentos, mais teremos de tapar buracos".
Cabreira e Arrojo já estiveram à frente do departamento responsável pela conservação das vias da cidade. Arrojo caracteriza a água como a principal inimiga do asfalto. O passar dos anos faz com que a malha asfáltica presente nas vias envelheça e se deteriore. O pavimento começa a se retrair e a se trincar, abrindo fissuras. Quando chove, a água penetra nas fissuras, e, com o trânsito de carros pesados, a água, que fica sob o pavimento, é bombeada para cima. Esse movimento abre o buraco. Em períodos de chuva constante, como os episódios ocorridos em julho e setembro, os prejuízos são notáveis.
O concreto asfáltico é composto de agregados, que são as pedras, e ligante asfáltico, o cimento asfáltico de petróleo (CAP), popularmente chamado de piche. O mais utilizado, tanto nas ruas de Porto Alegre como em todo o País, é o CAP 50/70, produzido pela Petrobras. O CAP é o principal componente do concreto asfáltico, utilizado majoritariamente nas estradas brasileiras, e pode ser trabalhado com aditivos de polímeros, tornando a vida útil do produto mais longa - o asfalto comum dura cerca de dez anos.
Em março deste ano, foi inaugurada a usina de asfalto da Restinga, na zona Sul da Capital, para produção do CAP 50/70. Uma outra usina, no bairro Sarandi, na zona Norte, deve ficar pronta em dezembro. A operação a pleno, no entanto, só deve se iniciar em março do ano que vem. Por enquanto, as usinas ainda não produzirão o asfalto com polímeros, que, além de mais resistente, é 20% mais caro que o comum. A longo prazo, a intenção é que as usinas sejam capazes de produzir até mesmo o Stone Mastic Asphalt (SMA), produzido na Alemanha e já amplamente utilizado na Europa. O SMA é um concreto asfáltico usinado a quente, projetado para proporcionar uma interação maior entre os agregados da mistura. "O ideal seria que todas as vias principais fossem de asfalto de polímero. Nas de tráfego intenso, é o que recomendamos", explica Arrojo. Na Capital, somente as avenidas Castelo Branco e Mauá foram revestidas com esse tipo de asfalto.

Manutenção de rotina é a principal maneira de evitar danos

Especialista em pavimentação, o engenheiro civil e coordenador do Laboratório de Pavimentação (Lapav) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Jorge Augusto Ceratti, diz que, além da água da chuva ser um dos principais causadores de degenerações, a execução da obra também precisa ser realizada com perfeição. "Se a camada de asfalto não estiver aplicada corretamente, se houver qualquer possibilidade de absorção de água, logo haverá problemas."
Para evitar danos na colocação do material, a Smov lancará uma licitação para contratar novos serviços de tapa-buracos com a utilização de nove caminhões térmicos. O investimento será de R$ 8 milhões. Do ano passado para cá, a prefeitura reduziu o orçamento da Smov em cerca de R$ 4 milhões. Desde 2007, a pasta pavimentou pouco mais de 120 quilômetros dos 2,8 mil quilômetros de vias da cidade. Se o financiamento da Corporação Andina de Fomento (CAF), estimado em R$ 100 milhões, se concretizar, será possível pavimentar, com asfalto de polímero, mais 100 quilômetros de vias em Porto Alegre.