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Combustíveis

- Publicada em 30 de Setembro de 2015 às 17:39

Gasolina pode subir de 4% a 4,5% para consumidores

Reajuste do etanol também deve pressionar os preços nas bombas

Reajuste do etanol também deve pressionar os preços nas bombas


JOÃO MATTOS/JC
O economista-sênior do grupo financeiro chinês Haitong, Flávio Serrano, avaliou que a alta de 6% da gasolina nas refinarias, anunciada na terça-feira pela Petrobras, deve trazer aumento de 4% a 4,5% nos preços do combustível nas bombas. Com isso, o impacto do reajuste no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro deve ser de 0,15 ponto percentual (pp).
O economista-sênior do grupo financeiro chinês Haitong, Flávio Serrano, avaliou que a alta de 6% da gasolina nas refinarias, anunciada na terça-feira pela Petrobras, deve trazer aumento de 4% a 4,5% nos preços do combustível nas bombas. Com isso, o impacto do reajuste no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro deve ser de 0,15 ponto percentual (pp).
Além do repasse da alta nas refinarias, o preço da gasolina deve subir novamente por conta do reajuste do etanol até o fim do ano, quando começa a entressafra da cana-de-açúcar. Com oferta menor, o preço do etanol anidro, misturado em 27% à gasolina, deve aumentar. Com o impacto do reajuste do etanol, a gasolina deve ter um reajuste total de 5% a 6% até o fim do ano, pelos cálculos do economista, e gerar um impacto 0,25 pp no IPCA.
Já o reajuste de 4% no diesel nas refinarias não gera impacto direto no IPCA, porque o combustível tem uma participação pequena na formação do indicador de inflação. Mas, segundo Serrano, a posterior alta do diesel nas bombas deve chegar futuramente ao IPCA, com aumento de custos em transportes de cargas e passageiros.
Segundo Serrano, a alta dos combustíveis de petróleo surpreendeu, porque a Petrobras tinha uma defasagem de apenas 1% entre os preços internacionais e os domésticos da gasolina. Já no caso do diesel, a estatal conseguia uma vantagem de 11% na comparação dos preços. Isso ocorre porque a alta do dólar no Brasil foi mitigada pela redução nos preços internacionais do petróleo. "Com o aumento da gasolina, a Petrobras volta a ter ganhos no preço de realização", concluiu.
O último reajuste de preços de combustíveis, anunciado em novembro pela ex-presidente Graça Foster, gerou, na época, impacto entre 2% e 2,5%. Essa é a primeira elevação de valores realizada na gestão de Aldemir Bendine, que assumiu a petroleira em fevereiro com a missão de recuperá-la.
De acordo com comunicado da empresa, os preços sobre os quais incidem o reajuste não incluem tributos federais, como Cide e PIS/Cofins. Isso significa que a alíquota dos impostos vai incidir sobre o novo valor, o que pode gerar um impacto maior na bomba de gasolina.

Procon notifica postos da Capital

O Procon Porto Alegre fiscalizou ontem 28 postos de combustível localizados nos bairros Centro, Menino Deus, Rio Branco e São Geraldo. O objetivo foi o de apurar possíveis aumentos abusivos dos preços da gasolina e do diesel praticados pelos estabelecimentos da cidade. Dez postos foram notificados pelo Procon municipal por apresentarem preços da gasolina em valores que vão de R$ 3,499 a R$ 3,599. O preço anterior era de, em média, R$ 3,29.
Segundo o diretor executivo do Procon Porto Alegre, Cauê Vieira, não é lícito aumentar o preço final do litro do combustível com justificativa em reajuste federal antes da compra de novos estoques.

Receita analisará os efeitos na Cide

A Receita Federal aguarda os primeiros dados sobre o consumo de gasolina após o aumento do preço na refinaria para analisar impacto do reajuste na arrecadação da Cide-Combustíveis. A cobrança da Cide é feita de forma fixa, por litro de combustível vendido - atualmente, o contribuinte paga R$ 0,22 por litro da gasolina e R$ 0,15 por litro do diesel. Segundo a Receita, em tese, a alta do preço do combustível pode levar a uma retração no consumo, o que reduz a arrecadação da contribuição.
Mas, segundo o órgão, ainda é cedo para fazer qualquer projeção, porque o reajuste ainda nem chegou às bombas. Uma revisão nas projeções de arrecadação da Cide será feita assim que a Receita começar a receber dados sobre o comportamento do consumidor diante do aumento do preço.

Gasolina brasileira está entre as 50 mais baratas do mundo

O brasileiro reclama do preço, mas o litro da gasolina por aqui não é dos mais caros do mundo. Segundo dados do site Global Petrol Prices, o valor médio cobrado até o último dia 28 era o 43º mais barato do mundo, em uma lista de 184 países. Os R$ 3,27 desse levantamento, que tem como base a pesquisa semanal realizada em todo o País pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), estão longe do
R$ 0,06 desembolsado pelos venezuelanos, que são os que têm o menor custo com gasolina no mundo. Na Arábia Saudita, onde o preço é o segundo menor do mundo, o litro sai a R$ 0,46.
Com a alta de 6% no preço da gasolina nas refinarias, anunciada pela Petrobras na noite de terça-feira, a expectativa é que o impacto para o consumidor seja de 3,6%. Assim, os R$ 3,27 passarão a
R$ 3,38. E a gasolina no Brasil perderia seis postos no ranking de menores preços do mundo, passando para o 49º lugar, entre Mongólia (R$ 3,35) e Libéria (R$ 3,39).
O valor cobrado no Brasil, mesmo com o aumento do preço, é bem inferior ao de vizinhos como Argentina (R$ 5,32) e Uruguai
(R$ 5,74). Outro latino-americano, o Chile cobra R$ 4,47 pelo combustível, enquanto o paraguaio paga R$ 4,32, e o peruano, R$ 4,24. Já no Equador, exportador de petróleo, o combustível é o 15º mais barato do mundo e custa R$ 1,75.
De acordo com Global Petrol Price, o preço médio do litro da gasolina no mundo é de R$ 4,18. Em geral, os países ricos acabam cobrando mais pelo combustível do que nos mais pobres. Os Estados Unidos são uma exceção, onde o litro sai a R$ 2,68. Países europeus, como Reino Unido, Suécia, Finlândia, Dinamarca e Noruega, cobram mais de R$ 6,00 pelo litro. Mas há países pobres, como o Zimbábue, onde a gasolina sai ao preço cobrado no Velho Continente: R$ 6,16.
Já na Holanda e em Hong Kong, o motorista precisa desembolsar mais de R$ 7,00 por litro. Os dois são os países que mais cobram pelo combustível.
Nos países exportadores de petróleo, a gasolina também costuma ser mais em conta. Dos 10 lugares onde o combustível é mais barato no mundo, sete são membros da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep).
A maioria dos países que, junto com o Brasil, integram o grupo Brics tem preços na casa dos
R$ 3,00. A Rússia é a única exceção. A gasolina do país é a 18ª mais barata do mundo e sai a R$ 2,24. A África do Sul cobra
R$ 3,58 o litro. Na Índia, custa
R$ 3,81. E, na China, R$ 3,90.