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Cinema

- Publicada em 01 de Outubro de 2015 às 22:26

A montanha

A façanha de Edmund Hillary e Tenzing Norgay, que foram os primeiros a alcançarem o cume do Everest em 29 de maio de 1953, foi devidamente registrada pelo cinema. É que entre os que participaram da expedição encontravam-se cinegrafistas dirigidos por George Love. O documentário que registrou o acontecimento não poderia ter outro título: A conquista do Everest. Tinha méritos cinematográficos que o transformaram num dos três candidatos ao Oscar da Academia de Hollywood na cerimônia de premiação realizada em 1954. O espectador porto-alegrense não foi privado do conhecimento de tal filme, que aqui foi lançado em agosto de 1956 pelo cinema Rivoli, localizado na Sete de Setembro, que depois mudou o nome para Palermo, e que então se dedicava a exibir filmes desprezados pelos cinemas maiores. O documentário de Love, no entanto, não registrava a chegada ao ponto mais alto da montanha, pois as condições atmosféricas não permitiram as filmagens. A conquista final era substituída por fotografias. Mas o documentário, por motivos óbvios, impressionava e, no ano de 2003, durante as comemorações do cinquentenário da façanha, foi reeditado, mas não exibido no Brasil.
A façanha de Edmund Hillary e Tenzing Norgay, que foram os primeiros a alcançarem o cume do Everest em 29 de maio de 1953, foi devidamente registrada pelo cinema. É que entre os que participaram da expedição encontravam-se cinegrafistas dirigidos por George Love. O documentário que registrou o acontecimento não poderia ter outro título: A conquista do Everest. Tinha méritos cinematográficos que o transformaram num dos três candidatos ao Oscar da Academia de Hollywood na cerimônia de premiação realizada em 1954. O espectador porto-alegrense não foi privado do conhecimento de tal filme, que aqui foi lançado em agosto de 1956 pelo cinema Rivoli, localizado na Sete de Setembro, que depois mudou o nome para Palermo, e que então se dedicava a exibir filmes desprezados pelos cinemas maiores. O documentário de Love, no entanto, não registrava a chegada ao ponto mais alto da montanha, pois as condições atmosféricas não permitiram as filmagens. A conquista final era substituída por fotografias. Mas o documentário, por motivos óbvios, impressionava e, no ano de 2003, durante as comemorações do cinquentenário da façanha, foi reeditado, mas não exibido no Brasil.
O cinema de montanha, como então era chamado, não era, no entanto, uma novidade. Um geólogo e alpinista alemão Arnold Fank (1889-1974) entrou para a história do cinema com filmes nos quais mesclava cenas encenadas com imagens reais e nos quais argumentos serviam de pretexto para o registro de façanhas de alpinistas. Alguns desses filmes foram interpretados pela bailarina Leni Riefenstahl (1902-2003), que depois seguiria carreira como cineasta e ficaria famosa pelos documentários O triunfo da vontade e pelo filme oficial sobre as Olimpíadas de 1936. O diretor islandês Baltasar Kormákur é o mesmo de Sobrevivente, realizado inteiramente na Islândia e que teve exibições limitadas no mercado brasileiro e agora circula pelas tevês pagas. Naquele filme, a solidão de um homem diante de um grande desafio. Agora, Kormákur, neste seu encontro com o Everest, que no título brasileiro ganha um E no final, beneficiado pelos recursos técnicos atualmente disponíveis e também pelas condições proporcionadas pelas projeções em DCP, oferece ao espectador imagens impressionantes, algumas captadas em cenários reais, outras em estúdio. Evereste, que é uma coprodução de norte-americanos e islandeses e que tem cenas filmadas na Cinecittà, não chega a se constituir em relato que consiga extrair das imagens registradas significados que ultrapassem o registro de atos de coragem.
Por vezes, é verdade, o cineasta tenta transformar seu filme em algo que transcenda a busca pelo ponto mais alto do planeta. Mas tal tentativa é logo sufocada pelo empenho em reconstituir o grande desastre que foi a dupla expedição de 1996. A montanha e seus perigos, os obstáculos colocados diante dos desafiantes, as tempestades, uma delas fatal, tudo funciona como uma resposta cruel da natureza desafiada. É como se o ser humano estivesse recebendo o castigo pela sua ousadia. E é uma resposta impiedosa e cruel. Kormákur registra tudo isso, mas prefere não aprofundar o tema. Não se trata, obviamente, apenas de um desafio. A busca das alturas como uma forma de escapar dos cotidianos da planície termina por colocar os indivíduos em situações nas quais o sufocamento é o resultado. O diretor filma este desespero e esta angústia, esta procura desesperada por ar, mas não consegue fixar em cena o contraste entre a vida cotidiana e a grande aventura. Porém, alguma imagem, como o rosto deformado de um dos personagens, conseguem expressar a magnitude do castigo imposto aos desafiantes. E há outro ponto a favor de Kormákur a ser registrado. Numa época em que muitos utilizam os efeitos especiais para criar fantasias inexpressivas e repetitivas, o diretor islandês emprega tais recursos para recriar a realidade. O cineasta no seu outro filme antes citado já havia concretizado a mesma proposta.
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