Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Trabalho

- Publicada em 29 de Setembro de 2015 às 15:11

Transpetro é condenada a pagar dívidas de estaleiro

A Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, o empresário German Efromovich e a holding Synergy Shypyard, que controla os estaleiros Eisa Petro Um e Eisa Ilha, foram condenados em primeira instância a arcar com as dívidas trabalhistas de 3,5 mil funcionários demitidos em junho do Eisa Petro Um, antigo estaleiro Mauá, em Niterói. A decisão da 3ª Vara do Trabalho de Niterói foi publicada na segunda-feira, no Diário Oficial da União, em referência à ação civil pública movida pelos trabalhadores. Ao todo, R$ 56 milhões foram bloqueados pela Justiça para arcar com as indenizações.
A Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, o empresário German Efromovich e a holding Synergy Shypyard, que controla os estaleiros Eisa Petro Um e Eisa Ilha, foram condenados em primeira instância a arcar com as dívidas trabalhistas de 3,5 mil funcionários demitidos em junho do Eisa Petro Um, antigo estaleiro Mauá, em Niterói. A decisão da 3ª Vara do Trabalho de Niterói foi publicada na segunda-feira, no Diário Oficial da União, em referência à ação civil pública movida pelos trabalhadores. Ao todo, R$ 56 milhões foram bloqueados pela Justiça para arcar com as indenizações.
A decisão em primeira instância foi assinada pelo juiz Paulo de Tarso Machado Brandão. De acordo com a sentença, os trabalhadores terão direito a indenização por danos morais coletivos, calculados em R$ 3 milhões sob responsabilidade dos estaleiros Eisa Petro Um e Eisa Ilha. Eles também terão direito a indenização por danos individuais, que devem ser calculados separadamente. Além dos estaleiros, a holding Synergy Shypyard e o empresário German Eframovich também foram condenados pela decisão por serem listados como fiadores do contrato entre o estaleiro e a Transpetro. Já a subsidiária foi condenada por "responsabilidade solidária" no caso. Brandão classifica a postura da Transpetro no processo como "negligente", "temerária" e "omissa", além de ser a "principal" responsável pelo "desmoronamento" do empreendimento. O juiz sugere também que a empresa foi conivente com "trabalho escravo" ao negar responsabilidade sobre as demissões e o não pagamento de benefícios de alimentação e salário aos trabalhadores.
Procurada, a Transpetro informou que já foi notificada da sentença e que cumpriu todas as determinações da Justiça do Trabalho. "A Transpetro reitera que não deve nada ao Eisa Petro Um e está em busca da melhor solução possível para resguardar seus direitos e receber os navios em construção", informou a subsidiária em nota.
"Evidencia-se que a preocupação se limitou ao dinheiro, e não a conferir meios adequados ao cumprimento do contrato que, repita-se, estava sendo alvo de possibilidade de lesionar direitos de terceiros de boa-fé", diz o juiz Brandão, na sentença. "Mesmo conhecendo seu histórico de dívidas, em atitude se não negligente ao menos temerária, caso fosse verdade", completa o juiz, em referência à contratação das empresas do grupo Synergy. As empresas não foram localizadas para comentar a decisão.
A sentença manteve o bloqueio de bens das empresas de Eframovich no valor de R$ 29 milhões. Também foi bloqueada a quantia de R$ 15 milhões por parte da Transpetro e uma segunda conta, no valor de R$ 12 milhões, que seria administrada de forma conjunta entre a subsidiária e o estaleiro. "Resta cristalina a necessidade de manutenção do bloqueio até que se verifique com certeza a quem pertencem os ativos financeiros e sua natureza jurídica", avalia o juiz na sentença.
A decisão foi comemorada pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí (Stimenni), Edson Rocha. Ele calcula que o valor das indenizações pode chegar a R$ 80 milhões e cobra agilidade na liberação dos recursos.
"Do total bloqueado pela Justiça, cerca de R$ 3 milhões foram distribuídos entre os trabalhadores demitidos. Isso dá cerca de R$ 950,00 para cada trabalhador. A Justiça foi rápida, mas as pessoas estão impacientes. Muitos não conseguiram dar entrada no seguro-desemprego, estão se sacrificando para manter as famílias", disse.

Obras do Comperj param, e mais 800 são dispensados

Em agosto, trabalhadores protestaram diante da sede da estatal

Em agosto, trabalhadores protestaram diante da sede da estatal


VANDERLEI ALMEIDA/AFP/JC
Única obra do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) mantida no Plano de Negócios da Petrobras para o período entre 2015 e 2019, a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) teve as obras paralisadas no início da semana pelo consórcio responsável pelo projeto. Cerca de 800 trabalhadores foram demitidos, segundo o consórcio formado por Tecna, Queiroz Galvão e Iesa Óleo e Gás as duas últimas, investigadas na Operação Lava Jato.
Ao custo de R$ 1,8 bilhão, a unidade estava planejada para escoar a produção de gás do pré-sal e tinha a entrada em operação prevista para 2017. O consórcio atribuiu a suspensão a "insustentáveis impactos sobre o contrato, decorrentes da crise econômica e seus efeitos no câmbio". Atrasos de salários e paralisações são constantes no complexo desde o início da crise econômica. Em agosto, trabalhadores protestaram diante da sede da Petrobras.
Na última semana, as empresas se reuniram com a Petrobras para discutir os termos e os repasses do contrato, mas não houve acordo. O impasse teria acelerado a paralisação das obras. A justificativa sinaliza que a estatal já apertou o freio em seus projetos diante do agravamento de sua situação financeira, especialmente seu endividamento, após a disparada do dólar nas últimas semanas.
Ao longo da segunda-feira, uma longa fila de trabalhadores se formou na área administrativa do consórcio para a formalização das demissões. Foram dispensados operários da área civil e também dos setores administrativos.
Em nota, o consórcio QGIT informou também que as demissões respeitaram "integralmente a legislação trabalhista" e que ainda segue em negociações com a Petrobras "visando à mais breve retomada das atividades".
"Acho que ela vai voltar em janeiro, mas não é nada certo", lamentou Anderson Francisco, funcionário há um ano e cinco meses do consórcio. Segundo ele, os boatos entre os trabalhadores são de que a obra será hibernada por quatro meses.
Esta é a segunda vez que o operário, natural de Itaboraí, cidade na Região Metropolitana do Rio de Janeiro onde o Comperj é construído, é demitido das obras do empreendimento, onde trabalhou na área de construção civil nos últimos cinco anos.
Atualmente, cerca de 6 mil operários atuam no Comperj, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí (Stimenni), Edson Rocha. A previsão é que, até o final do ano, outros consórcios façam demissões, uma vez que os contratos relacionados às obras da refinaria serão paralisados à espera de um sócio para investir na conclusão do projeto.
"Mas a Petrobras garantiu que novas licitações devem ser feitas para obras de asfaltamento, esgoto e iluminação, com previsão para início em janeiro", afirmou Rocha, que se reuniu há duas semanas com representantes da estatal.