O lado negro das startups


Em menos de uma década, a palavra startup saiu do desconhecido para ocupar uma posição consolidada no senso comum de muita gente. Criadoras de soluções e facilidades, elas têm alterado as relações socioeconômicas, mas, agora, começamos a ver os problemas sofridos por esse modelo.
Como uma reação tardia à feroz (e por vezes cega) difusão das startups, cada vez mais se pergunta: qual o verdadeiro significado desse movimento? Por trás de tantos ganhos e vantagens que essas empresas sustentam em seus discursos, onde estão as perdas?
Alguns projetos que se apoiam no "sharing economy" confirmam que a criatividade, o compartilhamento, a colaboração e a sustentabilidade de fato impulsionam a uma revisão de processos, instituições e tradições constituídas. Por exemplo, o Airbnb, que revolucionou o processo de ocupação de domicílios, e o Uber, mudando a cara do transporte público.
Do outro lado, há um mar de casos de insucesso, cujas histórias são varridas para debaixo do tapete como se fosse essencial esquecer deles (e cujos responsáveis, curiosamente, agora são coach e palestrantes de auto ajuda).
A HomeJoy, por exemplo, intermediava trabalho doméstico nos Estados Unidos da mesma forma como o Helpling o faz no Brasil. Promoveu ruptura, mas não conseguiu seguir com as tão necessárias injeções de dinheiro e, por isso, fechou as portas. Entre as justificativas que levaram o projeto ao fracasso está a falta de respaldo jurídico e o receio de que a startup tivesse que assumir vínculos empregatícios.
O primeiro ponto a se pensar bem quando se fala de startups brasileiras é que, até agora, ninguém sabe ao certo como ganhar dinheiro com elas. Todo mundo acha que ter participação numa empresa é como comprar ações do Facebook quando ele era pequeno - você investe mil reais e tira um bilhão de volta.
Além disso, dificilmente um acionista vai ganhar dinheiro só com dividendos, uma vez que a grande maioria dos projetos necessita de constante alavancagem. Há milhares de investidores de primeira viagem que ganhariam muito mais aplicando seu dinheiro na poupança do que na loteria das startups.
Muito se ouve nesse mundo de startups que todos falham e que isso não é problema, que você não só pode, como deve quebrar uma, duas, três vezes até alcançar o sucesso. Só que é importante saber que nem sempre o fracasso é um degrau na escalada para o sucesso, às vezes ele é só mais um passo em direção ao abismo.
Arquivo Pessoal/JC

Pedro Schaffa
Pedro Schaffa

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